uH!

O blog

Tequila com morango. Simples assim.
Você leva a sério, mas só até certo ponto.

E na ressaca da manhã seguinte.

It'sa me, Mario!

- a seguir, adjetivos aleatórios que deveriam me definir -
1) ruiva, canhota, nortista.
2) publicitária, irônica, nerd.
3) aleatória, roxa, nexialista.
escolha seus preferidos.

Eu gosto do Batman, mas sou mesmo o Coringa.

Uma velha camiseta.

Hoje eu vi uma foto minha de dez anos atrás, em meio a várias pessoas. Me fogem o nome de algumas delas e, de certa forma, a relevância que tinham na minha vida naquela época. Acredito que não muita, pois tenho a  tendência a acreditar que tenho boa memória pra tudo. Inclusive pro que preferia não lembrar.

O caso é que na foto em questão usava uma blusa que até hoje tenho. Não sei se por valor sentimental, se por preguiça de arrumar o guarda-roupa ou se pelo amor ao Marilyn Manson que, diga-se de passagem, estampa essa e outras blusas minhas, além da minha carteira de identidade. A original, juro mesmo.

Dez anos se passaram e a blusa ali, comigo. Isso me fez sorrir.
Eu tenho uma blusa de dez anos atrás, mas não tenho as mesmas ideias. Nem as mesmas convicções. Nem as mesmas ambições.

E isso é bom. Isso é ótimo.
Mudar é incrível e eu faço isso sempre. De estilo de se vestir a corte de cabelo, de opinião sobre filmes a ideias de lugares legais pra visitar.
Mudei de cidade. Mudei de curso. Mudei de cor de cabelo. Mudei de país.
Mudei de mim.

Eu não acho estranho ter uma blusa de dez anos atrás. Acho estranho ter um ideal de vida.
Eu não acho errado manter uma roupa da minha adolescência. Acho peculiar manter o comportamento dela.

O julgamento. A noção de achar que sabe de tudo e de apontar e rir de quem sempre foi diferente e que hoje não só sabe aceitar isso, mas prefere ter sido assim, a ser igual a dez anos atrás. Igual a todo mundo.
Diferente de si mesma em qualquer etapa da vida.

Aí sim.

vintedejulho

Eu queria escrever mais em terceira pessoa. Me olhar mais pelos olhos de outrem, entender e absorver de outras maneiras e encontrar novas formas de dizer tudo aquilo que guardo aqui.

Mas não hoje. Não hoje.

Hoje é dia do amigo e, grosso modo, falar de amigos é falar de mim.

Devo tanto e tão mais ainda a todos.
Principalmente aos que nunca realmente o foram e aos que não mais são.

Aqueles que por algum tempo fingiram.
Por interesse, motivos próprios ou por realmente terem tentado sem conseguir. Nem sempre se sabe criar vínculos... Nem sempre é tão easy se viver. Ou ser amigo.

Devo muito porque me ensinaram a não confiar. Pelo menos não de cara, não cegamente... E a separar o que presta do que não presta. O que funciona, do lixo.

Aqueles que foram embora. Da cidade ou da minha vida. Que ficaram na lembrança, em fotografias antigas, cheias de sorrisos e piadas internas que se perderam no limbo eterno dos relacionamentos que já não mais existe.

Acontece.

Tudo muda e um dia já não tem mais nada a se falar além de um abraço corrido na fila do supermercado e a promessa vazia - pra ambos os lados - de "a gente devia marcar alguma coisa", mesmo sabendo que seria tão inócuo, tão sem sentido quanto tentar colocar a vida em dia enquanto a pessoa da frente paga pelos pães e um maço de cigarros.

É frio, é triste, é duro falar assim.
Mas amizades são relacionamentos e eles tendem a chegar ao fim. A diferença é como você vai se lembrar dele daqui uns anos.

Todos os relacionamentos são fadados a um fim, mas às vezes a gente termina antes deles. Às vezes eles entram num hiato, um vórtex temporal e fica em suspenso por um tempo, até aquele reencontro incrível.
Mas nem sempre, nem sempre.

Meu ponto é: feliz dia do amigo pra você que não é meu amigo.
Mesmo que um dia tenha sido, mesmo que tenha fingido ser.

Espero encontrar alguns de vocês em alguma festa e trocar meia dúzia de palavras. Ou fazer de conta que nunca te vi mais gordo, porque eu não sou boa pessoa e muito menos você.

Depende do dia. Depende de quem você seja.
Depende das lembranças daquelas fotos antigas.

Feliz dia do amigo pros meus amigos também.
Os de pertinho, os de longe, os de sempre e os de só de vez em quando.

Aqueles que eu vejo só de vez em quando e nem tenho muita intimidade, mas pra quem abro um sorriso enorme. A verdade é que eu rio fácil, mas sorrir é bem mais raro.
Aqueles que eu amo tanto e passo muito tempo sem ver, mas quando vejo é como se visse todos os dias.
Aqueles que eu sinto liberdade pra perturbar dia e noite com qualquer coisa que me lembre deles. Que eu consigo conversar por mais de cinco minutos no celular.

Para aqueles que são do fundo do coração, pra quem eu posso reclamar e falar mal de tudo: até deles mesmos. Até de mim.
Até usando primeira ou terceira pessoa. <3

A do dia.

"Ia falar "tristeza do dia", mas não chega perto da tristeza real do dia... Às vezes a gente reclama de coisa tão besta e perde o foco da importância das coisas e das pessoas. Mas algumas vezes faço de propósito, só pra aliviar. Pra distrair."

Toda aquela máxima de só dar valor depois que perde é bem verdade. É foda precisar de um choque de realidade e é difícil tomar um tapa na cara seguido de outro, de outro e de outro... O mundo contina girando, não importa se você tá lá no chão caído ou se tá mandando tudo à merda e fazendo o que dá vontade.

É que nem luta de boxe, só que pior. Não importa se você se recuperou. Sempre vai ter um cruzado de esquerda, um de direita, um gancho e, de repente, um pontapé.
E você lá, no chão. Na merda.

O que a gente leva da vida é a vida que a gente leva?
Então a gente não leva porra nenhuma. Ninguém vive a vida ao seu máximo ou olha pra trás e diz "não me arrependo de nada". Eu costumava dizer isso, costumava, de verdade, acreditar que todos os caminhos - mesmos os muito errados e tortos e não seguros em de se comentar a respeito - me levaram até onde eu estou hoje e que eu não faria nada diferente. É mentira.

Todo mundo queria refazer aquele cenário. Ter uma chance de levar uma melhor numa discussão, ter dado um conselho, ter escolhido uma roupinha melhor pra aquela festa, não ter tomado aquela garrafa toda de vodka ou ter aproveitado uma oportunidade única de experimentar uma droga que sempre teve vontade mas que, por medo - de tudo e de nada -, acabou deixando pra lá. Babaquice dizer que não.

As merdas que acontecem tendem a tornar a tente mais forte, mas é dar murro em ponta de faca pensar que, se por acaso tivéssemos uma caixa azul que voasse no tempo-espaço e que isso não causasse um paradoxo que destruísse o universo, a gente iria lá e faria a coisa certa. Ou errada. A gente tá aqui pra errar, pra se arrepender e pra fazer certo DEPOIS,  não antes.

Nem todo mundo aprende, mesmo com um choque de realidade tão grande. A vida é frágil. Um segundo e já foi, adeus você. Virou tablóide e, se tiver sorte, mobilização online e tópico de conversas. O peso disso pra alguém na "flor da juventude", a ideia de que a vida é nada mais que um passo em falso é aterrador. É deprimente. É... Estimulante. Tudo ao mesmo tempo.

Tudo depende de como você encara isso. Daquele que promete viver ao máximo pelo outro - como se isso trouxesse alguma forma de compensação cósmica - até aquele que se conforma de que a vida é uma gosta e que pra quem fica só resta esperar o fim dela mesmo, tudo passa aqui dentro.

A indagação dos quês e porquês e de "o que estou fazendo com a MINHA vida" são inevitáveis e a proatividade é assustadora. A gente tenta abraçar o mundo com pernas e braços e unhas e tudo o que tiver de armas, numa tentativa desesperada de fazer com que a NOSSA vida também tenha valido a pena. Todas aquelas reflexões de final de ano (então é Natal e o que você fez?) dão na sua cara e querem te despertar pro mundo... Ou te fazer desistir dele.

Não sei onde eu me encaixo. Nisso, na vida, no universo e tudo mais.
Um pouco de cada, mas em lugar algum. O de sempre.

Sei que a luta de boxe não acaba até soar o gongo. O problema é saber quando vai ser.

A canção tocou na hora exata.

E eu que nunca pensei que sabia tudo,
Mas parafrasear música é um talento meu.

E a música tocou na exata hora, pra dizer tudo aquilo que eu sentia, sem nem saber que sentia.
Sem nem saber o quanto eu sentia.

Não saber me expressar, vá lá, bem minha cara, dá pra notar.
(E que pobreza na hora de rimar)
Mas ela tocou e eu senti e doeu tudo de novo. Talvez mais.

Mas eu entendi.
"My illusion, my mistake. I was careless.."

E agora, né, já foi.
Sabe aquela do cristal bonito que se quebra quando cai?

"And now, when all is done, there is nothing to say
You have gone and so effortlessly you have won..."

Se fosse Camões, Inês agora seria morta,
E estaria sozinha depois de um naufrágio, me agarrando a uma obra inacabada como... Bem, como um náufrago se agarra à uma bóia de salvação.
Mas não, nem isso.

"All we had is gone now.
Tell them I was happy
and my heart is broken, all my scars are open.

Tell them what I hoped would be impossible."

E aí a música toca sem querer.
E eu resolvo tocar por querer. De novo e de novo.
Sem nem saber por que, pra que.

Eu esqueci, foi isso. Baixei a guarda demais, fui dispersa demais.
"Broken trust and broken hearts, I know.."

E o golpe de misericórdia que nunca veio,
O consolo que nunca vai chegar,
O reconhecimento pela intenção embaraçada, complicada, atribulada.
No fim, não deu em nada.

"And if you're done with embarrassing me"
Eu também vou parar.
Aqui. Lá.

Chega.

"I remember years ago,
Someone told me I should take caution when it comes to love..."

I didn't.