uH!

O blog

Tequila com morango. Simples assim.
Você leva a sério, mas só até certo ponto.

E na ressaca da manhã seguinte.

It'sa me, Mario!

- a seguir, adjetivos aleatórios que deveriam me definir -
1) ruiva, canhota, nortista.
2) publicitária, irônica, nerd.
3) aleatória, roxa, nexialista.
escolha seus preferidos.

Eu gosto do Batman, mas sou mesmo o Coringa.

cinco de fevereiro.

Eu sempre tive essa teoria de que enquanto uma coisa é só sentida, e não falada, ela não ganha peso, não ganha aquele atestado de veracidade. A palavra falada não deixa de existir, sabe?

Mas se eu guardar lá no fundo alguma coisa, não comentar com ninguém, não falar em voz alta, nem pra mim mesma, nem pra minha gata, eu posso adiar o inevitável momento em que ela passa a ser verdade.

É uma imbecilidade sem tamanho e é mais eu enganando a mim mesma do que qualquer outra coisa. Mentir pra si mesmo é sempre a pior mentira.

Mas não sou mais tão criança. Nem tão boa mentirosa.

Um dia a gente tá de bobeira, negando as aparências, disfarçando as evidências e se depara com um post de facebook que descreve tudo que você sente no dia-a-dia e nunca soube dar um nome. Aí ele vai lá e dá um nome.

Você diz que não, que é mentira. Lê mais sobre o assunto, mas cada página, cada frase, parece aumentar a certeza de que é isso mesmo.

Você corre atrás de validação, tenta de todos os modos contornar sozinha, vencer sozinha...
Balela.

Aí resolve ir no médico.
Que confirma.

E você ri. Ri porque você, no fundo, já sabia.

Não adiantou negar, se recusar a dizer. Não adianta não dizer em voz alta, fechar os olhos e se cobrir com o cobertor. Isso não é um monstro de pesadelo quando você é criança. Ela não vai embora assim.

Seu próprio corpo, sua própria mente... Se voltaram contra você.

Bosta. Minha mente, minhas ideias, o melhor de mim. Traição.

Até tu, cérebro?

O texto acaba aqui porque eu não sei mais terminar o que eu quero dizer. Eu me distraio fácil, eu me irrito fácil e no momento eu só quero me encolher em posição fetal e chorar uma dor que eu não deveria, poderia e gostaria de estar sentindo.

E que eu não posso chorar.

dicionário

Empatia - Capacidade de solidarizar com a dor alheia

Simpatia - Amabilidade

Sociopatia - Incapacidade de criar vínculos

Apatia - Indiferença, falta de afeto.

...


Empatia. Simpatia. Sociopatia. Apatia.

Fácil assim.


E quando se perde a capacidade de sentir seus próprios sentimentos? Posso dar um nome e chamar de dispatia?


Quando tudo o que sobra é uma leve sombra de tudo aquilo que você já sentiu e o desprezo de si mesmo por ter colocado tudo pra um canto tão escuro que você se pega pensando em não magoar os outros mais do que a si mesmo?


Quando você fez um trabalho tão bom em querer ser mais altruísta, mais empática, sentir melhor a dor dos outros que acabou negligenciando a sua, renegando sua própria existência, seu próprio status quo de ~ser humano racional pensante~ e acabou sem nem saber onde é você e onde é o outro.


Ah é, o outro é onde você consegue sentir.

Passam-se os dias e os meses e você não consegue mais se conectar com ninguém, contar com ninguém, contar pra ninguém. Não sabe como.


Não sabe como chegar e pedir "por favor, me escuta", porque, depois de tantas evasivas, de tantos desvios de caminho, de tantos "nãos", só sobra a exaustão. E a vassoura emocional pra varrer tudo pra debaixo do tapete mais uma vez.


"Tive um dia bosta. Me contem alguma coisa."
Me façam esquecer de mim de novo. Me façam sentir mais um pouco como se o que eu sinto não fosse importante o suficiente pra eu sentir, já que ninguém mais parece querer escutar.


Enterra isso embaixo de uma pilha de episódios de série, empática com um personagem novo, sofre por um ser imaginário mais um pouco e se coloca no lugar dele. Sente a dor dele ao invés da sua porque se não importa pra ninguém, pra você também não deveria importar.


Esconde tudo atrás do seu sarcasmo, vive essa vida de merda mais um, dois, três anos. E repete.



1, 2, 3, drink.
1, 2, 3, drink.



Pega aquela música triste e fica ouvindo no repeat no carro e cantando a plenos pulmões quando ninguém tá perto. Chora e se compadece de outrem que sabe colocar em palavras o que sente, porque você perdeu essa habilidade ao longo do caminho do auto-desconhecimento, se afundando em palavras que não existem e sentimentos que você finge também não serem reais.


Um dia você dançou como se ninguém estivesse olhando. Agora você chora quando não tem ninguém olhando. Way to go.


E mascara isso enquanto sente que a falta de proximidade tem seu preço, é caro e não aceita cartão.



1, 2, 3, drink.
1, 2, 3, drink.



Eu posso me pendurar no candelabro, no lustre, o que seja. A sensação é que eu tô pendurada pelo pescoço e incapaz de me mexer, de gritar, de pedir por ajuda.


Alguém morre por auto negligência?
Por dispatia?


Ah é, não.
Só por dentro.